Desde a aprovação do Estatuto de Autonomia que a Galiza tratou de recuperar novos domínios de utilização para a língua. A toponímia, parte importante do sistema linguístico, apresentava nos inícios da Autonomia um preocupante estado de deturpação, como é possível comprovar a consultarmos a nomenclatura oficial, a sinalética ou ainda a sua falta de utilização por parte dos poderes públicos.
A Lei 3/1983, de 15 de junho, de normalização linguística, que define o quadro para o uso oficial do galego em diversos domínios, contendo ainda a base legal para a recuperação e fixação da toponímia galega. No seu artigo 10 estabelece que «os topónimos da Galiza deverão ter como única forma oficial a galega» e que «corresponde à Junta da Galiza a determinação dos nomes oficiais dos municípios, dos territórios, dos núcleos populacionais, das vias de comunicação interurbanas e dos topónimos da Galiza. O nome das vias urbanas será determinado pelo concelho correspondente».
Este preceito da Lei de normalização linguística teve um desenvolvimento normativo posterior para estabelecer o seguinte
- A Comissão de Toponímia, enquanto órgão consultivo do Governo da Galiza nesta matéria, o que foi concretizado através do Decreto 43/1984, de 23 de março, alterado pelo Decreto 174/1998, de 5 de junho (DOG de 22/6/1998).
- O procedimento para a fixação ou recuperação da toponímia da Galiza, através do Decreto 132/1984, de 6 de setembro (DOG de 21/9/1984).
Nos anos seguintes à criação da Comissão de Toponímia e ao estabelecimento do procedimento para fixar ou recuperar a toponímia, a Junta da Galiza abordou o estudo e parecer das formas oficias dos topónimos de aglomerados populacionais. Primeiro, em diversos decretos fixou o nome oficial dos concelhos. Posteriormente, para cada concelho foi ditado um decreto fixando o nome das paróquias bem como uma ordem para fixar o nome dos lugares ou aldeias. Seguidamente, procedeu-se à compilação da toponímia oficial por províncias, que pode ser consultada nos seguintes decretos:
- Decreto 332/1996, do 26 de julho, que aprova a nomenclatura correspondente aos aglomerados populacionais da província de Ourense (DOG de 29.08.1996; BOE do 18.11.1998)
- Decreto 219/1998, do 2 de julho, que aprova a nomenclatura correspondente aos aglomerados populacionais da província de Pontevedra (DOG de 28.07.1998; BOE do 17.11.1998, corr. erros no BOE 4.03.1999)
- Decreto 6/2000, de 7 de janeiro, que aprova a nomenclatura correspondente aos aglomerados populacionais da província de Lugo (DOG de 25.01.2000; BOE de 24.02.2000)
- Decreto 189/2003, de 6 de fevereiro, que aprova a nomenclatura correspondente aos aglomerados populacionais da província da Corunha (DOG de 25.03.2003; BOE de 6.11.2003)
A mesma informação encontra-se publicada no Nomenclátor de Galicia do ano 2003, que também pode ser consultada em rede no endereço http://www.xunta.gal/toponimia-e-nomenclator
De notar ainda que este documento oficial está a ser revisto na sua totalidade, tanto do seu ponto de vista linguístico quanto geográfico-administrativo. Está previsto que, brevemente, seja publicada uma nova Nomenclatura através da qual serão alterados alguns pareceres oficias. Pode repercutir nos nomes de várias aldeias, paróquias e concelhos da Galiza, serão dados de alta novos aglomerados populacionais e eliminados outros. Como grande novidade, cada um dos lugares do nosso País, habitado ou desabitado, estará georreferenciado para poder localizá-lo ou deslocar-se introduzindo o seu topónimo oficial num GPS.
A política de salvaguarda e proteção do património toponímico tem apoio no Plano geral de normalização linguísticaaprovado em 2004 (Medida 1.2.6. Setor 1. Administração. Área 2. Administração local) e, mais recentemente, na Lei 10/2015, de 26 de maio, para a salvaguarda do património cultural imaterial, a nível estatal, e, dentro da nossa comunidade autónoma, na Lei 5/2016, de 4 de maio, do património cultural da Galiza. Torna-se agora necessário avançar com o desenvolvimento normativo da legislação em apreço, pois enquadram apenas o âmbito de proteção sem entrar nos necessários pormenores.
Seguindo uma ordem cronológica, importa ainda falarmos da legislação em matéria de solo promulgada pelo Parlamento e pela Junta da Galiza. Trata-se da Lei 2/2016, de 10 de fevereiro, do solo da Galiza, e do Decreto 143/2016, de 22 de setembro, que aprova o regulamento desta lei. Ambos os documentos contêm preceitos como a identificação dos assentamentos populacionais existentes no território galego e a delimitação dos núcleos rurais que irão servir para estabelecer repertórios toponímicos completos e rigorosos do ponto de vista geográfico e linguístico, mais consentâneos com a realidade galega e que superem a catalogação populacional que tradicionalmente tinha estabelecido o INE.
Neste sentido, o Decreto, no seu artigo 93, indica que «será considerado assentamento populacional existente todo aquele que seja singularizado, identificável e diferenciado administrativamente nos censos e padrões oficiais, e que tenha um topónimo reconhecido na nomenclatura oficial, independentemente do seu carácter urbano ou de núcleo rural».
Consequentemente, está previsto que no futuro as novidades legislativas estejam ligadas à elaboração de uma nomenclatura geográfica de referência.
Por seu lado, importa não esquecermos que determinadas recomendações internacionais, como por exemplo, as dasConferências das Nações Unidas sobre a Normalização de Nomes Geográficos e Grupos de Peritos das Nações Unidas sobre Nomes Geográficos (GPNUNG) e algumas normas de âmbito estatal incidem diretamente nas atuações da Junta da Galiza em matéria de toponímia.
Podem ser consultados a este respeito os documentos e normas que citamos a seguir.
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Lei 3/1983, de 15 de junho, de normalização linguística (DOG de 14 de julho de 1983)
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Lei 5/1997, de 22 de julho, da Administração local da Galiza. Na Secção 3 desta lei, artigos 48 e 49, é estabelecido o protocolo a seguir para alterar o nome e a capital dos municípios
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Lei 2/2016, de 10 de fevereiro, do solo da Galiza (DOG de 19 de fevereiro de 2016).
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Lei 5/2016, de 4 de maio, do património cultural da Galiza (DOG de 16 de maio de 2016).
- Decreto 119/2022, de 23 de junho, pelo qual se estabelece a estrutura orgânica da Consellería de Cultura, Educação, Formação Profissional e Universidades (DOG de 4 de julho de 2022)..
- Ordem de 13 de junho de 2024 pela qual se nomeia secretária da Comissão de Toponímia (DOG de 19 de junho de 2024).
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Real decreto 1476/2004, de 18 de junho, que regula a estrutura básica do Ministério de Fomento (BOE de 19.06.2004). No artigo 12 são ainda mencionadas as funções do Instituto Geográfico Nacional, entre as quais: a formação e conservação do Nomenclátor Xeográfico Nacional bem como a toponímia oficial.
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Real decreto 1545/2007, de 23 de novembro, que regula o Sistema Cartográfico Nacional (BOE de 30.11.2007). Na secção 3ª é tratado todo o relacionado com o Nomenclátor Xeográfico Nacional.
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Lei 10/2015, de 26 de maio, para a salvaguarda do património cultural imaterial.
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Lei 14/2010, de 5 de julho, sobre as infraestruturas e os serviços de informação geográfica em Espanha (transposição da Diretiva INSPIRE).
- Diretiva 2007/2/CE do Parlamento Europeu e do Conselho, de 14 de março de 2007 (DOUE de 25.04.2007), que estabelece unha infraestrutura de informação geográfica na Comunidade Europeia (INSPIRE). Pode obter mais informação sobre esta diretiva e a iniciativa INSPIRE na seguinte página: http://inspire.jrc.ec.europa.eu/.