O rio Mao faz jus ao seu nome?

Até desaguar no rio Cabe em Monforte de Lemos, o rio Mao percorre também os concelhos de Bóveda e O Incio, onde nasce junto à povoação de Cortiñas numas localizações denominadas O Barreiro e A Fonte do Vaso, segundo o Cadastro. A sua importância é tal que deixou a sua marca nos nomes de três paróquias, Santa María, San Salvador e San Román, todas apelidadas do Mao.

Aparentemente, o nome deste rio, Mao, parece ser tão transparente como as suas próprias águas: o vulgar adjetivo galego mao, proveniente do latim MALU, é utilizado para designar aquelas coisas e pessoas que não têm uma boa qualidade. Naquela época, um Río Mao seria o contrário do abundante Río Bo, Riobó ou Rioboo que encontramos por toda a Galiza. 

Ora, será o rio Mao do Incio e os outros assim designados um péssimo curso de rio? Alguns linguistas e filólogos acham que não. Rivas Quintas e Moralejo concordam em indicar que os diferentes topónimos do Rio Mao que se recolhem na Galiza e em Portugal provêm de um tema hidronímico *UM com o significado de 'húmido, líquido, auga', ao qual se acrescentaria o sufixo latino -ANU. Baseiam parte de sua argumentação nos antigos testemunhos do rio, grafados como Umao, Humano, Omao, Mao etc. Exemplos disso seriam um "rivulum de Omã" que documentamos em um texto do ano 864; uma "villa quam vocitant sancta Maria de Humano" que encontramos noutra de 1106; ou um "valle Homano", do ano 1064. Todos eles constam dos documentos do Mosteiro de Samos.

Por outro lado, Cabeza Quiles, sem afastar a hipótese anterior, acredita que o topónimo Riomao da Estrada, que também dá nome a uma aldeia da freguesia de Loimil, poderia ter sido assim denominado para fazer "referência á pouca água que leva para chegar à freguesia de Riobó, onde, recebendo as águas da ribeira de Barcia e aumentando consideravelmente o seu caudal, recebeu o nome de Riobó”. Anos antes, Elixio Rivas havia afirmado que casos como esse de 'rio bom' haviam surgido devido à etimologia popular devido a uma falsa interpretação do topónimo. 

Se a tese de Cabeza Quiles for verdadeira, teríamos de analisar um a um cada um dos Río Mao ou Riomao que existem na Galiza para saber se é verdade que “o río soa é que auga (boa) leva”.
 

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