O Monte Louro é testemunha de um fenómeno natural que, apesar de ocorrer pelo menos duas vezes por ano, nunca deixa de nos surpreender com as suas imagens espetaculares. Como podem ver no vídeo do digital Que pasa na costa publicado há poucos dias e que fecha este artigo, é a rutura da duna natural que separa o mar da lagoa do Monte Louro. A visão desse fenômeno in loco vale a pena por outro facto, o nome da lagoa.
Apesar de o uso da forma moderna “Lagoa do Monte Louro” ou simplesmente, “Lagoa de Louro” estar a alastrar; precisamos afirmar que este espaço natural tem um topónimo próprio: A Lagoa das Xarfas ou dos Xerfas, um nome bem apropriado que não pode ser esquecido.
Mas, o que será essa xarfa, às vezes proclamado xalfa e outras xerfa? O Dicionário da Academia não inclui o substantivo, mas sim aparece em dicionários antigos. Assim, Leandro Carré Alvarellos definiu a forma “xerfa” como a “superfície espumosa do mar que se estende em faixas próximas à costa devido ao efeito de quebra-mares”. O que é muito apropriado para definir o que acontece a esta lagoa e a esta zona da costa de Muros. às vezes coberto por essas espumas. A expressão "mar de xerfa" também é ouvida nas pessoas que vivem do mar para se referir àquele mar picado de espuma, típico das tempestades.
O nome do lugar Xarfa ou Xalfa não foi registado noutras partes da nossa geografia. Porém, no concelho de Âncora, no norte de Portugal, existe a praia da Gelfa que pode corresponder à nossa Lagoa das Xarfas.
Como se não bastasse a Lagoa da Xarfa, o fenómeno também tem um nome oportuno: a "rotura do ingüeiro" . Mas isso vai ser assunto de outro artigo...
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