A fonte sagrada da Fonsagrada

O Boletim do Museu Provincial de Lugo inclui no seu número X a lenda mais difundida sobre a origem do topónimo da Fonsagrada:

Antes a Virgen de Fonsagrada taba na Pobra de Burón. Alí taba o juzgado e o ayuntamiento, taba todo; era unha gran puebla. E despois o cura vía aí un bon sitio, aí pa riba, para donde ta A Fonsagrada, e había unha fonte milagrosa alí, que hoi non beben nin as vacas nela, e corre, pero parece que é ruín a auga. E [o cura] levaba a Virgen para alí.
E veña, iban por ela para Puebla de Burón pero a Virgen volvía a marchar de noite pró Carballal, prá Fonsagrada. E dixeron:
—Bueno, hai que lle facer unha ... . Entonces, a Virgen non quere parar aiquí. E dixo o cura: —Hai que lle facer unha capilla arriba onda a fonte. Que é onde ta.
E levárona para alí e por eso ven hoi o nombre de Fonte Sagrada

A Fonsagrada é, portanto, um topónimo de origem transparente: o seu étimo latino é FONTE SACRATA. A redução da primeira parte do topónimo em fon- é muito comum em toda a geografia galega (Fonfría, Fonmiñá…). No entanto, este apócope não foi geral, pois existem vários lugares ditos Fonte Sagrada registados na Galiza (Arzúa, Melide, Trabada, Ribadeo, Pontenova…)

Por sua vez, a forma sagrada da segunda parte pode referir-se a algum tipo de nascente ou fonte cujas águas tivessem sido objeto de algum rito ou atributo milagroso, muito provavelmente pagão e que posteriormente fosse cristianizado, como muitos dos ritos ainda preservados por esta terra. Acontece também que a fonte a que atribuem a origem, localizada atrás da igreja de Santa Mariña, tem uma iluminação única na madrugada de 21 de junho, o que pode levar a pensar na existência do rito ao redor da fonte desde os tempos antigos.

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