O Pindo: lugar abundante em pedras ou em pinheiros?

Já em 1745, o Padre Sarmiento, na sua viagem pela Galiza, ficou tão maravilhado quando chegou a Carnota e viu o Monte Pindo que comentou: “hace a la vista una figura más hermosa que la montaña de Monserrate”, em referência à mítica montanha catalã. Tal era o seu fascínio que quis recolher no seu diário "as mil e uma coisas" que os habitantes da região diziam sobre o maciço de Carnota, desde lendas sobre as propriedades das suas plantas até curas para a infertilidade. Tudo isso acabará influenciando a proposta etimológica que Sarmiento lança sobre o topónimo: “le conviene admirablemente el nombre de Monte Pindo; y creo que será antiguo, y que se le habrá puesto a imitación del Pindo de la Grecia”.

É verdade que a cordilheira grega e a montanha galega têm uma semelhança fonética atual, mas as propostas que existem hoje sobre sua origem são diferentes da versão oferecida pelo ilustrado beneditino.

A hipótese que tem maior aceitação é a de Isidoro Millán. Ao tratar do topónimo de Cospindo no artigo "Toponimia de Ponteceso y de su municipio", cuja origem é atribuída a uma raiz CORISPINNETUM, relaciona o segundo dos elementos “con lo que yo presumo origen etimológico del orónimo Pindo < PINNETUM, el monte peñascoso o penedoso’”. Este * PINNETUM seria, segundo o autor, um derivado de PINNA, 'pena, rocha', através de um sufixo -ETUM, presente em inúmeras soluções do galego comum e da toponímia: rochedo, Carballedo, Figueiredo... Essa etimologia seria mais tarde apoiada por Cabeza Quiles, para quem o significado do nome do lugar Pindo seria "montanha rochosa ou abundante em pedra".

Porém, Martínez Lema, na sua tese sobre a Toponimia das comarcas de Bergantiños, Fisterra, Soneira e Xallas na documentación do tombo de Toxos Outos, discorda desta origem ao considerar excecional a sua evolução fonética com “síncope da vogal tônica - Ē- (* PĬNNĒTŬ> * Pinedo> * Pin'do> Pindo)”. Para o investigador, o topónimo O Pindo encontraria uma unha  explicación  máis  razoábel nunha fase orixinaria *PĪNĪTŬ”,  isto é, un derivado do “fitónimo PĪNŬS (> med. pĩo) 'piñeiro'”.

Paulo Martínez Lema e Isidoro Millán discordam da proposta do padre Sarmiento; no entanto, seja o lugar abundante em penhascos ou pinheiros, não podemos discordar do monge beneditino quanto à beleza deste Olimpo celta.

 

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