O Irixo e outros derivados toponímicos de ECCLESIA

A campanha "Toponimízate. Falámosche dos nomes da túa terra” visitou nesta sexta-feira 12 de novembro o concello ourensán do Irixo.. Nada melhor, no mês de Santos, do que se aproximar de um dos muitos derivados toponímicos da palavra latina ECCLESIA, o lugar onde os santos são adorados precisamente.

O Irixo é um topónimo único no Nomenclátor, uma vez que só está recolhido neste concelho de Ourense nas formas O Irixo e Irixo de Arriba. Embora Cabeza Quiles tenha teorizado sobre a possibilidade de este nome derivar do antropónimo latino ERIGIO, é comumente aceite que derive da raiz latina ECCLESIA, vindo, por sua vez da raiz grega EKKLESIA, 'assembleia, reunião de fiéis'. O Irixo teve um antecedente em Irixe, documentado como Ponte de Irige num documento de 1415. O mesmo enfraquecimento que influenciou para passar de um -a etimológico final para um -e (de Irixa ou Eirexa para Irixe ou Eirexe) foi o que fez deste Irixe o Irixo atual.

O Irixo seria, então, mais um dos múltiplos derivados que a forma latina ECCLESIA deixou na nossa toponímia. Esta profusão de topónimos explica-se pela abundância de igrejas, capelas ou santuários construídos nas mais de 3700 freguesias galegas.

Outros descendentes toponímicos do ECCLESIA no nosso Nomenclátor são: Igrexa, com mais de 350 ocorrências e múltiplos derivados, tais como A Igrexa Vella ou A Igrexa Pequena; Igrexario, com mais de meia centena de lugares em municípios como Marín, Ortigueira, Vilalba... aos quais temos de acrescentar os Grixarios registados em Cerceda, Touro e A Laracha; Irixoa, nome de um município da província da Corunha, com uma paróquia do mesmo nome onde também se encontra o lugar de Pazo de Irixoa, bem como o nome de uma aldeia no município de Muras, na província de Lugo.

Com epêntese da vogal inicial temos A Grixa em Camariñas, Cee, Dumbría e Muxía; e Grixanova em Agolada; Grixoa, que dá nome a quatro freguesias (San Amaro, Santa Comba, Santiago e Viana do Bolo) e a três localidades (Santa Comba, Viana do Bolo e Vimianzo); Grixó, freguesia e aldeia de Ramirás e lugar em Touro, Padrenda, Salvaterra de Miño e Moraña; Grixoá, localidade de Carballedo. As três últimas formas contêm um sufixo diminutivo do latim -OLA e que deu três soluções no nosso território: -oa / -oa / ó (com crase vocálica).

Por outro lado, com a ditongação em -EI- da primeira vogal, o Nomenclátor da Galiza refere mais de 60 Eirexa e 117 Eirexe, com ou sem artigo inicial; Eirexúa na Pontenova; Sueirexa no Irixo ou Maside; com prefixos como Traseirexe (en Arzúa e Santiso) ou em topónimos compostos como O Campo da Eirexe (em Santiso e Chantada), que completam a relação quase tão ampla quanto o número de templos que existem em todo o país.

 

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