Qual é a origem do curioso topónimo de Begonte, Fonte Filloa?

Fonte é uma das palavras galegas comuns mais proveitosas na nossa toponímia. O Nomenclátor de Galicia reúne mais de quinhentos lugares que o incluem ou uma de suas variantes, como Fon-, e há milhares de microtopónimos que podem ser visualizados no Galicia Nomeada. Sem ir mais longe, podemos encontrar em Begonte, último município visitado pela campanha Toponimízate, os lugares de Fonfría, do latim FONTE FRIGIDA; Fonte Almesendre, talvez de uma *FONTE ERMISINDI; Fontela, diminutivo de FONTELLA; e uma sonora Fonte Filloa, topónimo único no Nomenclator e, sobretudo, curioso.

O segundo dos elementos da frase deste topónimo único parece remeter-nos ao substantivo comum galego filloa, também denominado freixó noutras partes da Galiza. Contudo, parece muito difícil que o bolo fino, típico do Carnaval, feito com uma mistura de ovos, leite, caldo ou água e mais farinha, pudesse modificar uma fonte e fixar-se na toponímia para designar um local.

Perante esta incógnita e também devido à falta de atestados documentais do topónimo, Paulo Martínez Lema lançou duas hipóteses para tentar explicar este nome no seu trabalho sobre a Toponímia de Rábade e Begonte. A primeira envolve um uso metafórico da palavra filloa, talvez, devido à existência na fonte de uma “tona (de  algas,  por  exemplo)  que  se  formase  na  superficie da auga, sobre todo se esa auga se encontraba empozada”. A segunda, mais plausível segundo o próprio autor, relaciona a forma filloa a outros topónimos como Fiollás ou Fiolledo, derivados da palavra fiollo, variante de erva-doce (do latim FENUCULO). Seria, segundo Martínez Lema, uma alteração fonética “sen dúbida condicionada pola existencia e vitalidade do substantivo homónimo filloa (< lat. FOLIOLA)”.