A campanha Toponimízate continua em 2025 recoorendo Galiza co propósito de salvagardar o nosso património toponímico
A campanha de divulgação da toponímia galega Toponimízate. Falámosche dos nomes da túa terra voltará visitar vários concelhos do nosso país em 2025 para sensibilizar a população sobre o valor cultural da nossa microtoponímia e promover a sua salvaguarda através da plataforma colaborativa Galicia Nomeada. Doze novos concelhos das quatro províncias receberão esta iniciativa com o objetivo de encontrar pessoas e entidades que se juntem aos quase 4.000 colaboradores que estão atualmente a participar na recolha de nomes de montes, terras, fontes, caminhos, ribeiros, bosques... Graças a eles, já foram recuperados cerca de 90.000 microtopónimos desde o lançamento do projeto colaborativo.
A iniciativa, coordenada pela Real Academia Galega e financiada pela Secretaría Xeral da Lingua da Xunta de Galicia, chega à sua oitava edição e foi apresentada esta manhã na Cidade da Cultura de Santiago de Compostela numa conferência de imprensa em que participaram o presidente da Real Academia Galega, Henrique Monteagudo; o secretário geral da Lingua, Valentín García; e o responsável pela apresentação das palestras, Vicente Feijoo, coordenador técnico do projeto Galicia Nomeada e do Seminário de Onomástica da RAG.
O novo presidente da Real Academia Galega, Henrique Monteagudo, destacou que a campanha Toponimízate tem como objetivo sensibilizar a cidadania para o imenso valor da toponímia galega enquanto património cultural e elemento específico da identidade galega, bem como incentivá-la a colaborar na sua recolha, uma tarefa gigantesca que exige a mobilização de todas as pessoas dispostas a participar em todo o território galego. Aliás, salientou a excelente resposta por parte da população, de todos os públicos, que está a facilitar a compilação de milhares de topónimos. "Temos a intelixencia e mais a vontade colectivas para contribuírmos entre todos a un proxecto de interese tanto científico coma cultural e identitario. Os nomes son parte da relación, mesmo emocional, que temos como país coa terra, expresión desa intelixencia colectiva e depósito extraordinario de testemuños de séculos. A través deles, podemos reconstruír a historia ecolóxica ou de relación co territorio”, engadiu Henrique Monteagudo, quem salientou tambén a imporância de lhe prestar atenção à talasonímia, os nomes do mar.
O secretario xeral da Lingua, Valentín García, lembrou aliás a “utilidade” dos topónimos e talasónimos. “A cada con púñaselle un nome para que os mariñeiros se orientasen. Hoxe, coa tecnoloxía non se fai tan necesario ese coñecemento polo miúdo do mar, pero ese conxunto de nomes ten un enorme valor cultural que cómpre conservarmos”, expresou. Valentín García referiu tambén o carácter pioneiro de Galicia Nomeada, uma iniciativa que –asegurou– chamou a atenção de comunidades autónomas interesadas en a replicar.
A subdiretora de Planificación e Dinamización Lingüística, María Coutiño, salientou a importância que o seu departamento atribui a todos os projetos relacionados com a toponímia, especialmente a uma campanha que percorre o país dando visibilidade a um património cultural que contribui também para a promoção da língua.
Vicente Feijoo falou sobre a importância desta iniciativa para envolver cada vez mais pessoas no exército de colaboradores preocupados com o desaparecimento desta parte tão valiosa do nosso património cultural imaterial. Destacou também o sucesso da participação nas palestras, com participantes de todas as idades, o que demonstra que é um tema que interessa à sociedade como um todo. Nas 7 edições realizadas até agora, a mensagem foi levada a 94 concelhos galegos e mais de 6.000 pessoas assistiram às palestras.
Salientou o aspeto mais emotivo desta experiência, uma vez que os topónimos têm para os galegos uma componente sentimental e identitária muito forte, especialmente para as pessoas mais idosas, ao verem que os seus conhecimentos sobre o território e a sua sabedoria popular são a base fundamental de um projeto cultural com estas características. Para quem dá as palestras, é também uma experiência muito enriquecedora e gratificante.
Cada uma das sessões inclui várias partes, como explicou Vicente Feijoo: começa com uma introdução geral que visa dar a conhecer a riqueza toponímica do nosso país, um património que, por outro lado, está em risco de desaparecimento devido às mudanças no uso do território, ao abandono dos modos de vida tradicionais e ao despovoamento que a Galiza tem vindo a sofrer nas últimas décadas. Após esta apresentação geral, será explicado em detalhe o funcionamento da aplicação colaborativa Galicia Nomeada, com a qual a população local poderá adicionar na plataforma os topónimos que conhece e a tradição oral a eles associada. De seguida, serão apresentadas as utilidades práticas desta informação cultural, uma vez georreferenciada e normalizada, para a Administração, para o mundo da investigação e para a sociedade em geral. Por fim, cada oficina terminará com uma secção em que se tentará esclarecer a origem e o significado dos nomes das freguesias e aldeias de cada concelho. Nesta última secção, a equipa técnica do Seminário de Onomástica da Real Academia Galega elaborou 1.772 etimologias, com a colaboração do académico de número da RAG e professor da Universidade de Vigo, Gonzalo Navaza.
Critérios de seleção dos concelhos onde se realizarão as palestras
Para a seleção dos doze concelhos participantes nesta edição foram considerados vários critérios. Por um lado, importa referir o interesse demonstrado pelas próprias autarquias em colaborar com o projeto Galicia Nomeada. Assim, vários presidentes de câmara ou vereadores de municípios como A Estrada, Laxe, Mondariz Balneario e Sandiás contactaram com a Real Academia Galega ou com a Secretaría Xeral da Lingua com o objetivo de organizar esta atividade formativa e colaborar com o projeto Galicia Nomeada.
Noutros concelhos, foi tido em conta o estado de recolha da sua microtoponímia, juntamente com o forte despovoamento que estão a sofrer, o que coloca em risco a preservação deste património cultural: é o caso de Cervantes, Baralla, Melón, Baños de Molgas e Dozón, territórios que não foram abrangidos durante o período de atividade do Projeto Toponímia da Galiza (PTG 2000-2011) e nos quais existem muito poucos colaboradores registados na plataforma Galicia Nomeada.
Por fim, noutros concelhos, como Val do Dubra, Chantada ou Mondariz, que já têm parte do seu território recolhido na época do PTG, decidiu-se incluí-los para completar a recolha nas freguesias e lugares em falta, somando novos colaboradores ao projeto Galicia Nomeada.
Datas e locais das 12 palestras da campanha Toponimízate 2025
As palestras da campanha Toponimízate 2025 começarão este mês de junho e prolongar-se-ão até novembro. As duas primeiras sessões terão lugar na província de Ourense: Toponimízate visitará Sandiás na sexta-feira, 20 de junho (Centro de Interpretação da Lagoa de Antela, a partir das 20:00 h) e Baños de Molgas na sexta-feira seguinte, 27 de junho (a partir das 19:30 h no Centro de Saúde); Frades encerrará a campanha antes da pausa estival com uma palestra na segunda-feira, 28 de julho, no Centro Sociocomunitário de Ponte Carreira, a partir das 20:00 h.
O grosso da campanha decorrerá entre os meses de setembro, outubro e novembro, com outras nove sessões: Laxe, sexta-feira, 12 de setembro, a partir das 19:00 h no Museu do Mar; Chantada, sexta-feira, 19 de setembro, a partir das 20:00 h no Auditório Municipal; Melón, sexta-feira, 26 de setembro, a partir das 20:00 h na Casa do Concelho; A Estrada, quinta-feira, 2 de outubro, a partir das 19:00 h na Casa das Letras - Biblioteca Municipal; Cervantes, segunda-feira, 6 de outubro, a partir das 12:00 h no CPI de Cervantes; Mondariz e Mondariz Balneario, sexta-feira, 17 de outubro, a partir das 19:30 h na Sala de Cultura da Casa do Concelho de Mondariz Balneario; Dozón, sexta-feira, 24 de outubro, a partir das 17:00 h no Centro Sociocultural do Castro; Val do Dubra, quinta-feira, 6 de novembro, a partir das 20:30 h no Auditório Municipal; Baralla, sexta-feira, 14 de novembro, a partir das 19:00 h no Centro Sociocultural de Baralla.
Após o fim da campanha, Toponimízate terá visitado 108 concelhos, todos eles integrados na Rede de Dinamização Lingística. Em edições anteriores, além dos concelhos que pertencem à RDL, também foram dadas palestras na Fundação Eduardo Pondal (Ponteceso); na Escola Oficial de Idiomas Jesús Maestro de Madrid; no Centro de Formação e Experimentação Agroflorestal de Sergude; no Instituto de Estudos Ulloáns (Monterroso); e no Bierzo, pela mão do Grupo As Médulas. As mais especiais, sem dúvida, foram as dadas em três centros de idosos da rede da Xunta de Galicia (As Neves, Ortigueira e Mondego-Sada), devido ao papel fundamental que os nossos idosos têm neste projeto como portadores e transmissores deste património cultural que representa a toponímia no nosso país. Eles são a memória viva dos nossos topónimos.