Baralla, outro concello da comarca dos Ancares que se toponimiza
A comarca dos Ancares está a ser um dos objetivos prioritários neste ano de 2025 da campanha Toponimízate. Falamosche dos nomes da túa terra. No dia 6 de outubro, a palestra foi realizada de manhã no município de Cervantes e à tarde no de Baralla. A esta segunda sessão assistiram muitos amantes da toponímia e do património imaterial desta comarca, que teve lugar no Centro Sociocultural e Juvenil e foi apresentada pelo presidente da câmara, Miguel González Piñeiro.
Segundo comentou o próprio autarca na apresentação, o executivo municipal está muito interessado nesta iniciativa e considera necessária a recolha deste património toponímico antes que continue a perder-se. Considera que uma das melhores opções é envolver os alunos do CPI Luis Díaz Moreno, orientados pela professora de língua e literatura galega do centro, Mercedes Fernández Méndez, que também esteve presente na palestra e mostrou a sua disponibilidade para unir esforços com a administração local e procurar vias de colaboração nesse sentido.
Entre o público presente, importa destacar a presença de grandes entusiastas da toponímia de Baralla, como, por exemplo, Eduardo Álvarez, conhecido como Eduardo do Costureiro. Ele foi um dos protagonistas do episódio da série Os nomes da nosa terra gravado na freguesia de Penarrubia, onde falou de forma agradável e didática sobre a importância dos nomes das casas para a identidade pessoal e coletiva. Outro pilar importante de que o município disporá para a recolha da microtoponímia é a também professora de galego Ana Ayán Álvarez, natural da freguesia de Covas, que está a mobilizar pessoas no seu concelho para pôr mãos à obra.
Vicente Feijoo Ares, coordenador técnico do projeto Galicia Nomeada e responsável por ministrar as palestras Toponimízate, procurou desde o início da sua intervenção valorizar a importância dos nossos nomes de lugar como património cultural imaterial — um património que desaparece rapidamente em concelhos com forte despovoamento, como é o caso de Baralla. Para recolher de forma colaborativa esses nomes de terras, montes, penedos, fontes, regatos..., explicou aos presentes o funcionamento da aplicação Galicia Nomeada: como criar uma conta, como introduzir um topónimo, como enviar sugestões...
A palestra terminou com um dos momentos mais aguardados dos encontros Toponimízate: a explicação da origem e do significado dos nomes das freguesias e aldeias existentes no território municipal. Neste ponto da apresentação, parte do público reivindicou a antiga denominação do concelho, Neira de Xusá, que esteve em vigor de 1840 a 1975, data em que mudou para a forma atual, Baralla. Vicente aproveitou para projetar o vídeo da série Os nomes da nosa terra sobre os oicónimos de Penarrubia, no qual ele próprio explica que Neira de Xusá designava originalmente as terras situadas na parte baixa regadas pelo rio Neira. O segundo elemento deste topónimo, Xusá, provém do adjetivo do latim vulgar IUSANA ‘de baixo’. O advérbio latino DEORSUM (‘para baixo, em baixo’) transformou-se no baixo latim em IUSUM / IOSUM e formas semelhantes. Depois, de IUSUM formou-se o adjetivo IUSANUS, -A, -UM, cujo feminino evoluiu para o galego como IUSANA > xusana > xusá (com a variante xuxá, talvez por assimilação fonética).
Como é habitual, os nomes que despertam mais interesse são os mais complexos e obscuros, como alguns dos topónimos pré-romanos que designam certas freguesias: Berselos, Lebruxo, Lexo... Mas um dos que mais intriga a população, por ser um falso amigo da toponímia galega, é o nome atual do próprio concelho, Baralla. Neste artigo apresentamos as diferentes hipóteses que se consideram para explicar a sua etimologia.
Mondariz e Mondariz Balneário aguardam já o próximo encontro Toponimízate
A Sala de Cultura da Casa do Concelho de Mondariz Balneário será o ponto de encontro dos amantes da toponímia deste município do distrito de Pontevedra e do vizinho Mondariz. O encontro terá lugar na sexta-feira, 17 de outubro, a partir das 19:30.