Trasmiras recebeu a campanha Toponimízate com a vontade de recuperar os nomes da comarca da Límia
A Câmara Municipal de Trasmiras encerrou as palestras do mês de outubro da campanha Toponimízate. Falámosche dos nomes da túa terra. Vicente Feijoo, coordenador técnico do Seminário de Onomástica da Real Academia Galega, deslocou-se à Casa da Cultura deste município de Ourense com um objetivo claro: encontrar pessoas dispostas a recuperar a microtoponímia da sua terra e colocá-la à disposição de todo o mundo através da plataforma colaborativa Galicia Nomeada.
Ali esperava por ele o presidente da Câmara deste município, Emilio José Pazos Ojea, um entusiasta desta matéria que, desde que ouviu falar do projeto Galicia Nomeada, fez tudo o que estava ao seu alcance para que a mensagem da campanha Toponimízate chegasse ao município e aos seus residentes. Durante a apresentação que fez de Vicente Feijoo, Emilio Pazos aproveitou para se gabar da internacionalidade de alguns dos seus vizinhos e da sua capacidade de integração no mundo rural, nomeadamente de Loius Tamblyn James, também presente na sala, um rapaz originário da Cornualha que veio instalar-se numa aldeia deste concelho chamada Escornabois. O autarca mostrou com orgulho uma t-shirt que este jovem inglês desenhou para a festa desta aldeia, que apresenta um desenho do inseto chamado escornabois ou vacaloura e que inclui dezenas de microtopónimos desta mesma freguesia de Escornabois.
A tarefa de recuperar os nomes das terras de Trasmiras é muito urgente, pois em apenas quatro décadas a sua população foi reduzida a um terço devido ao despovoamento que se sofre no interior da província de Ourense. A este fator há que acrescentar o facto de este ser um dos concelhos que não foi objeto de recolha do pioneiro Proxecto Toponimia de Galicia (PTG) nos anos em que esteve ativo (2000-2011). É agora necessário, com a ajuda dos moradores, continuar o caminho aberto pelos rapazes do IES Lagoa de Antela, de Xinzo de Limia, que incluiu várias dezenas de nomes de terras, herdades... graças aos alunos de Trasmiras.
Por estas razões, Vicente Feijó centrou grande parte do seu relatório na divulgação da importância da toponímia a todos os níveis, em falar das suas aplicações práticas, bem como na urgência da sua recolha face à alarmante perda que sofre este património imaterial nas últimas décadas. O público tomou nota das explicações práticas sobre o funcionamento da aplicação Galicia Nomeada: como solicitar uma conta de colaborador/a; como inserir um topónimo; como anexar fotos, áudio ou documentos; como carregar ortofotos de diferentes anos ou camadas de informação cartográfica; como enviar sugestões sobre nomes de lugares existentes no visualizador...
Entre os presentes, havia colaboradores do Galicia Nomeada como Nica Palomares, natural do concelho vizinho de Cualedro (embora o seu pai seja de Vila de Rei, Trasmiras) e autora do livro Cualedro, aquí tan lonxe. Nica está a recolher microtopónimos no seu município e também incentivou os participantes a fazê-lo nas suas respetivas aldeias. Outra pessoa com experiência na recolha de topónimos presente na sala foi Antonio Rodríguez Corbal (Toño de Lodoselo), fundador do Centro de Desenvolvemento Rural do Viso (Lodoselo, Sarreaus), que também tem registada a microtoponímia da sua freguesia para agora subi-la para a plataforma Galicia Nomeada.
A parte final da palestra, como é habitual nesta atividade, foi dedicada a falar sobre a origem dos nomes das freguesias e das aldeias de Trasmiras. Entre eles, o nome pré-romano do próprio concelho, Trasmiras, ou o curioso topónimo Escornabois, que identifica uma das freguesias e aldeias deste concelho. Este nome, longe de ter a sua motivação num inseto ou numa árvore, homónimo seus, parece mais provável estar relacionado com outros topónimos que incluem os elementos 'boi' (Boimorto, Boipardo...) e a raiz pré-romana *KORN - (Corme, Corneira, Coristanco...) que remetem à abundância de pedra.
Neste ponto da conversa tomaram a palavra Rosi e Roberto, um casal que está a montar uma casa de turismo rural neste mesmo concelho e que manifestou o desejo de colocar estes topónimos de aldeias ou mesmo microtopónimos curiosos nos quartos com uma explicação de sua origem e significado. O objetivo é dar a conhecer aos convidados a riqueza toponímica do seu concelho, para o que também solicitaram o aconselhamento de Vicente Feijoo. Do projeto Galicia Nomeada, damos-lhe os parabéns por uma iniciativa tão bonita e interessante.
Em novembro, mais Toponimízate
Novembro vem cheio de encontros com a nossa toponímia. Até sete municípios receberão uma palestra Toponimízate: Padrón, na quinta-feira, dia 2 de novembro, na Casa dos Capeláns de Iria, a partir das 20h00; Amoeiro, na quinta-feira, 9 de novembro, na Casa da Cultura, a partir das 19h00; A Pobra do Brollón, na sexta-feira, 10 de novembro, na Casa da Cultura, a partir das 19h30; Dumbría, na sexta-feira, 17 de novembro, no Centro Social de Dumbría, a partir das 12 h; Maceda, na terça-feira, 21 de novembro, a partir das 12h30, no IES San Mamede; e Ponte Caldelas, na sexta-feira, 24 de novembro, no Centro Cultural de Ponte Caldelas, a partir das 20h00.
