Os vecinhos de Frades implicam-se na campanha Toponimízate
O concelho corunhês de Frades encerrou na passada segunda-feira a proveitosa série de palestras de verão da campanha Toponimízate. Falámosche dos nomes da túa terra, que será retomada no mês de setembro. O ato realizou-se no moderno Centro Sociocomunitário de Ponte Carreira e contou com uma ampla representação da câmara municipal, encabeçada pelo presidente, Roberto Rei Martínez, e pelo vice-presidente, Manuel Ferreiro Marzoa. Ambos quiseram agradecer à Real Academia Galega e à Secretaría Xeral da Lingua por terem escolhido o seu concelho como um dos 12 municípios destinatários da campanha de divulgação deste ano e manifestaram o seu compromisso em colaborar com o projeto Galicia Nomeada na recolha da microtoponímia do território do seu concelho.
Depois da apresentação do ato por parte de Roberto e Manuel, a pessoa encarregada de apresentar o orador Vicente Feijoo Ares, coordenador técnico de Galicia Nomeada e do Seminario de Onomástica da RAG, foi a professora de língua e literatura galega Rocío Barreiro Marzoa, natural deste concelho, que se mostrou entusiasmada por contar com a presença do seu colega de profissão e amigo na sua terra natal e por ver os seus conterrâneos colaborarem num projeto tão importante para a cultura galega como é o Galicia Nomeada.
Vicente Feijoo iniciou a sua palestra demonstrando a sua satisfação por ver a sala cheia de gente e, em seguida, falou sobre a riqueza patrimonial que representa a toponímia galega e a necessidade de a salvaguardar de forma colaborativa devido ao grave risco de desaparecimento. O concelho de Frades não foi alvo do trabalho de campo do pioneiro Proxecto Toponimia de Galicia (PTG), quando este esteve ativo entre os anos 2000 e 2011, circunstância a que se soma o facto de haver apenas 205 topónimos registados no visualizador de Galicia Nomeada, aportados por 9 colaboradores residentes neste concelho. Por estas razões, explicou a todas as pessoas presentes como se registar na plataforma Galicia Nomeada e como podem introduzir um topónimo ou fazer uma sugestão sobre outro já existente no visualizador. Grande parte da palestra foi, portanto, dedicada a explicar as principais funcionalidades da aplicação, tanto na sua versão de desktop para computadores como na versão para dispositivos móveis.
Para terminar, como já é habitual nas palestras Toponimízate, falou-se da origem e do significado dos nomes das freguesias e aldeias deste concelho. Se algo ficou claro aos habitantes de Frades presentes na sala é que têm muitos topónimos únicos em toda a Galiza e de difícil interpretação, sendo esta opacidade etimológica um indício de que provavelmente sejam nomes pré-romanos muito antigos: Aiazo, Ledoira, Mesos, O Sibio, A Garabanxa... Também que vários dos seus topónimos que partilham a terminação em -oi, como Aboi, Gafoi e Tañoi, correspondem a nomes de proprietários da época medieval (ver a explicação neste artigo).
O debate final foi extremamente produtivo, pois os presentes comunicaram-nos vários possíveis erros existentes nos topónimos oficiais do Nomenclátor de Galicia relativamente às entidades de povoação deste concelho: As Chedas em vez de Chedas; O Canal em vez de Canal; O Sibio em vez de Sibío; Raselo em vez de O Raselo; Fontelo em vez de O Fontelo...
Toponimízate vai de férias até ao mês de setembro
Após a palestra de Frades, a campanha Toponimízate fará uma pausa até ao mês de setembro, altura em que regressará com novo fôlego e com mais 9 conferências previstas até ao final do ano. A primeira será no concelho corunhês de Laxe, na sexta-feira, 12 de setembro, a partir das 19:00 h no Museo do Mar.
