Chantada dispõe-se a recolher microtopónimos uma vez terminada a vindima
A vizinhança de Chantada está imersa em plena vindima como em quase toda a Ribeira Sacra. Ao que parece, este ano está a haver uma grande colheita com uva de muita graduação e qualidade.
Após a recolha da uva, a proposta que Vicente Feijoo Ares fez às pessoas presentes na palestra da campanha Toponimízate. Falámosche dos nomes da túa terra, que teve lugar na passada sexta-feira, 19 de setembro, no Auditório Municipal, foi começar com a recolha dos nomes das vinhas, montes, fontes, penedos, regatos... do vasto território do concelho de Chantada. O objetivo fundamental era envolver a vizinhança na conservação do rico património cultural imaterial que reside na sua toponímia e consciencializá-los do risco de se perder. A responsável por apresentar o ato foi a vereadora do Turismo, Pamela Fernández Arias, que também esteve acompanhada pelo técnico de cultura, Xosé Ramón Caamaño. Pamela Fernández salientou as utilidades que os topónimos têm do ponto de vista cultural e turístico, para oferecer aos visitantes uma informação linguística, histórica e cultural do seu território muito valiosa e que não está escrita nos livros.
Chantada é um dos concelhos mais extensos do país (176 km2) e no visor de Galicia Nomeada só figuram 849 topónimos em todo o seu território, dos quais 319 correspondem aos nomes de aldeias ou entidades de povoação do Nomenclátor. Isto quer dizer que tem praticamente toda a sua microtoponímia (nomes de terras, montes, fontes, penedos...) por recolher nas 36 freguesias em que está dividido este município. As freguesias que têm mais registos de nomes de terras são as de Pedrafita e Sabadelle.
A forma ideal de salvaguardar estes nomes de lugar, que foram transmitidos de geração em geração durante séculos, é através das novas tecnologias. É aí que entra em jogo a aplicação colaborativa Galicia Nomeada, disponível para computadores ou dispositivos móveis. Para isso, Vicente Feijoo, coordenador deste projeto colaborativo e da Unidade Técnica de Toponímia da RAG que o executa, dedicou grande parte da sessão a explicar em detalhe as funcionalidades desta plataforma para a recolha da microtoponímia galega e de toda a tradição oral a ela ligada: como solicitar uma conta de colaborador/a, como acrescentar um topónimo e anexar-lhe ficheiros de áudio, fotos, vídeos...; como fazer uma sugestão sobre um topónimo existente no visor que não está bem localizado, etc.
Na parte final da palestra houve também tempo para explicar a origem e significado do nome do concelho e das 36 freguesias que o compõem, uma secção que sempre desperta muito interesse e curiosidade nos participantes. Uma a uma, Vicente Feijoo foi analisando a sua origem e chamou a atenção para a grande quantidade de topónimos de Chantada que provêm de nomes de possuidores medievais, como Argozón (< ARGUTIUS), Belesar (< BELESARIUS), Bermún (< VEREMUNDUS), Esmeriz (< HERMERICUS)...
Cumpre destacar a presença de várias professoras de Língua e Literatura Galega dos dois institutos de Chantada, o IES Lama das Quendas e o IES Val do Asma. São elas Andrea Santiso Arias, Rocío Barreiro Marzoa, Tania Vázquez García e Ana Ayán Álvarez. As duas primeiras já tinham desenvolvido no ano letivo passado uma iniciativa de recolha de topónimos com a Galicia Nomeada com o seu alumnado do IES Lama das Quendas; iniciativa que se pretende continuar neste ano letivo e também estender ao IES Val do Asma. Aliás, os dois centros de ensino têm nomes toponímicos muito belos; parabéns a quem tomou a decisão de lhes dar essas denominações!
Melón, próxima paragem da digressão Toponimízate
A digressão Toponimízate continua esta mesma semana nas terras do Ribeiro. Todos os amantes da nossa toponímia tradicional têm encontro marcado na Câmara Municipal de Melón na próxima sexta-feira, 26 de setembro, a partir das 20:00 horas.